Maquiavel e a Politica - 3º Ano.

O pensamento político de Maquiavel
precisa ser analisado dentro do contexto do final da Idade Média, onde o
antropocentrismo estava sendo retomado como visão predominante (homem no centro
de todas as coisas). Essa visão permitiu o nascimento de uma nova ideia
política, onde a liberdade republicana surgiria contra o poder político
teológico de papas e imperadores.
Esse contexto abriu portas para o humanismo cívico
(faculdade dos homens de agirem em conjunto pelo bem da cidade), levantando um
diálogo político entre a burguesia (que estava desejosa por poder) e a realeza.
Houve assim um questionamento do poder absoluto dos reis (como os Médici, em
Florência) e desejava-se que um príncipe trouxesse estabilidade e defesa de sua
cidade contra ataques vizinhos. Esse príncipe deveria possuir Virtù (ser
nacionalista e não mercenário). Maquiavel então conduz a sua obra O Príncipe
visando o exercício do poder desse governante.
Nicolau
Maquiavel chama a atenção por defender que o poder, a honra e a
glória são bens que devem ser perseguidos e valorizados, ao contrário da ideia
restrita de virtude cristã angelical (livre de tentações). O homem de virtú
poderia conseguir bens na terra e deveria lutar por isso, sem ficar almejando
recompensas exclusivamente celestiais. A moral não poderia ser um
limitador da prática política. O pensamento político de Maquiavel se apoia
no conceito de que a estabilidade da sociedade e do governo precisam ser
conseguidos a todo o custo.
Por isso,
Maquiavel entende que o bom governante, quando forçado pela necessidade, deve
saber usar a violência visando o bem coletivo, enquanto que o tirano age
puramente por capricho ou interesse próprio. E é aqui que aparece o conceito de
“virtude” em Maquiavel. Maquiavel chega mesmo a dizer que o soberano pode se
encontrar em condições de ter que aplicar métodos cruéis e desumanos, estando
diante de males extremos. Para Maquiavel o homem tende a ser mal e isso
justificaria suas considerações. Por isso, diante da impossibilidade, devido à
natureza facilmente corruptível do homem, de unir o amor e o temor, é muito
mais seguro para o homem de Estado ser temido que amado, diz Maquiavel, no Cap.
XVII de O Príncipe.
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